domingo, 11 de dezembro de 2011


CAMPO SEM-FIM    
                                                                                  Por Maria Regina Prado Alves
                                                                 “Despregar-se da realidade é sufocante. Reflete um estado de perdição”. (Sonhos – Celina Hamilton Albornoz”.).

       Depois do sucesso de seu livro de estreia “Dos Cadernos de Clara C.” Celina Hamilton Albornoz nos brinda com “Campo Sem-Fim”. O livro já se encontra na livraria Marco Zero a disposição dos leitores.
       A autora não necessita apresentações. Tão somente cabe informar sobre as atividades da mesma ao leitor que por ventura desconheça sua trajetória no campo das artes em geral.
    Produtora rural morou no Rio de Janeiro e Florianópolis, retornando há uma década para sua cidade natal. Trabalhou em diversos eventos culturais, tendo participado ativamente do movimento de mulheres nos anos oitenta e coordenado juntamente com Maria Helena Kulner o “Narrativa Mulher”, uma dramatização de contos femininos na Casa de Cultura Laura Alvim. Suas atividades literárias foram intensas como a participação no projeto Anna Magnani, criado com o Instituto Italiano no Brasil, tendo ela coordenado o seminário no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, Homem-Mulher, uma relação que resultou em livro atualmente esgotado. Trabalhou na Editora Rocco, colaborou com a revista da Sbat (sociedade brasileira de autores teatrais). Foi uma das integrantes da delegação brasileira do encontro sobre autores teatrais em Cuba.
     Atualmente Celina preside a Academia Santanense de Letras e edita o boletim mensal do informativo do Rotary Club Livramento Sul juntamente com outros membros do referido clube de serviços.
     Assim como “Dos Cadernos de Clara C.”, “Campo Sem-Fim” é um projeto pessoal, independente da autora. O livro, misto de ficção e realidade, continuação talvez da escrita por Clara C. São narrativas, citações, indagações femininas colocadas com muito denodo. A obra, de cunho confessional e intimista, nos dá a certeza de que Celina Hamilton Albornoz continuará em frente com seu estilo correto e coerente no trato com o léxico nos surpreendendo com sua criatividade e sua maneira sensível de existir. Vale a pena conferir.

sábado, 29 de outubro de 2011

De Noelci Prestes Cunha
 
Faz tempo que me pergunto se os nobres políticos desta cidade , aqueles senhores que dão nomes a ruas, praças escolas, etc. , esqueceram que tivemos um prefeito que mudou muita coisa nesta cidade, para melhor, que foi honesto, que dizia o que pensava, que defendia o que era justo, e que não tem seu nome lembrado para nada. Este político que eu falo é o Dr. Glenio Lemos, um homem que morreu pobre mas honrado, sem patrimônio acumulado a custa dos bens públicos e , que foi perseguido por muitos que não suportavam sua coragem de dizer o que devia ser dito. Ao mesmo tempo vejo serem inauguradas ruas , praças etc. com nomes de pessoas que não passaram de gigolôs da coisa pública ou de outros que nada fizeram pela cidade , apenas tem seu nome homenageado para satisfazer a vaidade de seus familiares.Fico indignado com isto...aliás há muito tenho isto e muito mais entalado na garganta

RESTEVA

                                                        “O tempo são as rugas da eternidade.”
                                                                          Getúlio Neves.
                                                                                             

                                                                           Por Maria Regina Prado Alves.


      Escrever poesia requer sensibilidade. Esta talvez seja a condição essencial para um poeta. Mas não a única. Necessário ainda saber criar, recriar e inventar atmosferas que nos façam navegar pelo próprio mundo interior. Ser poeta é isso: um visionário das palavras, uma espécie de feiticeiro do amor e das esperas, das fantasias e dos sortilégios.
    Sem incorrer em nenhum sofismo pode-se afirmar que Getúlio Neves já nasceu poeta. Toda sua trajetória literária não nos deixa dúvidas de que a poesia caminhou sempre ao seu lado. Por isso torna-se difícil falar do autor de “Águas Siladas” e de a “Ira do Silêncio”. Fiel às suas convicções éticas é capaz de levar o leitor a entrar em seu mundo poético através de versos bem estruturados, sem afetação, de forma simples e leve. Descreve com maestria situações do cotidiano de qualquer mortal: ”Toma teu mate sem nenhuma pressa,\respira a brisa morna em largo hausto,\sente os silêncios embelezando a tarde”.
    Discorre o autor de “Resteva” sobre temas regionais, telúricos, acentuando o amor pela terra, pelo chão em que nasceu.  “Num pedaço do meu pago\ vivo em tudo,\ moro em nada.\ Nestas sombras que se somem,\ quando chega a madrugada!”  Traz, assim, versejando o gosto do pampa, do meio em que vive,  como continua em o “Pago”: “Sou branquilho retorcido\ que em ponta de sanga vês,\ sou trilho de cancha reta\ que o alecrim já desfez”. Getúlio Neves espelha a vida como a sente com suas idiossincrasias e anseios com a propriedade de um observador arguto do mundo e das coisas à sua volta. O lirismo é uma constante em seus poemas, em estilo elegante como quem murmura exprime: Beijar é trocar de cicatrizes,\ recolher o Deus que mora em ti\ e umedece\ a minha boca quando oro e te vejo”.
    Autor ainda de “ Quadras e Quadros”, do CD “ Anéis do Tempo” e do livro de contos “O Tapa Furado”.
    É sempre uma imensa satisfação sermos contemplados com um novo livro de um de nossos melhores poetas riograndenses. O livro, ora a ser lançado, se apresenta como uma possibilidade de mergulharmos nos mais variados temas abordados que nele constam e que confirmam, sobremaneira, a vocação poética do autor.
      Que “Resteva” não seja seu último livro, que não tenha no sentido literário o mesmo significado do vocábulo. Que seja apenas mais um a enriquecer a literatura de nossa fronteira e de nosso Estado.

                   Tania Alegria – poeta e escritora – quase santanense

       “Por mis venas navegan piratas penitentes”. (Pecho adentro. Memorial de Exorcismos.” Tania Alegria.)     

     Ao longo dos séculos muitas mulheres se destacaram no mundo das letras.  Basta que nos detenhamos nos registros históricos sobre o pensamento feminino. Não vamos aqui discorrer sobre a trajetória da mulher nas diferentes áreas do conhecimento humano. Queremos, tão somente, tecer alguns comentários sobre a obra literária da quase santanense Tania Alegria. Tendo vivido em Livramento durante sua infância e adolescência desde cedo despertou para a arte de escrever.  Advogada e socióloga, radicada em Lisboa por mais de trinta anos, trabalhou por vinte e cinco anos em direito internacional marítimo.
      Tania é, atualmente, uma escritora consagrada tanto no Velho Continente como em solo pátrio. Fundadora da Sala de Escritores da língua hispânica, integra a Rede Mundial de Escritores em Espanhol, participa do Movimento Mujeres Poetas Internacional, é membro do World Poets Society e Poetas del Mundo. Seu perfil foi selecionado pela Biblioteca Digital Siglo XXI fazendo parte do elenco de autores contemporâneos. Finalista do concurso Açorianos do Estado teve seu livro, Histórias do Mundo Virtual, publicado pela Editora Movimento.
       Histórias do mundo Virtual não é o livro de estréia de Tania Alegria. Além  de  ter
 participado de várias coletâneas escreveu dois livros de poesias. Ambos bilíngües: em português e em espanhol. Não se trata de uma tradução, mas de poemas escritos com maestria na língua de Cervantes. Dotada de extraordinária sensibilidade aliada ao domínio técnico da versificação, seus poemas são de uma beleza ímpar, de uma harmonia genuína discorrendo sobre temas comuns a todos: de amor, de angústias e também de morte. No livro Inverso, Tania diz no poema Margens:”Pátria é o chão aonde alguma vez\ se imprimiram as solas dos meus versos\ e por isso eu me irei sem saber nunca\ de que lado do mar era o exílio.” Em “Memorial de Exorcimos”recebeu elogios da crítica comparando-a  a Olga Orozco , grande poeta paraguaia. Em Ritos a poeta desabafa: ”Aqui inauguro el rito de quererte,\ iluminando esquinas donde moran ausencias\ y se hace verbo el son de la distancia.” Em Histórias do Mundo Virtual Tania se consagra como contista. Em um estilo leve, sem afetação, mas com riqueza descritiva na análise dos personagens a autora relata fatos que poderiam acontecer com qualquer mortal. Vivemos no século do mundo virtual em que emoções afloram e nos tornamos, muitas vezes, reféns de nossos complexos, sonhos e decepções. O livro prende a atenção do início ao fim cujos personagens, mesmo ficcionais, acentuam a distância entre o mundo real e o virtual. Uma obra para se aplaudida de joelhos.
     Tania foge aos estereótipos, aos lugares-comuns dominando o léxico em ambos os idiomas, espanhol e português. Para nós, santanenses, é motivo de gáudio poder acompanhar o seu sucesso e divulgar a sua obra tão importante no tempo presente. Não precisamos fazer paralelo com outras poetisas da literatura atual ou não, pois conhecemos sua capacidade criativa, sua exigência interior para atingir à perfeição na arte de se expressar.
     Como ela própria admite a origem de suas memórias e o início de seus registros mentais está aqui, entre nós, onde formou sua personalidade. Quando deixou Livramento confessa ela que já era atéia, de esquerda e humanista. Ela nos honra, sobremaneira, com sua obra pelo mundo afora.
                        Maria Regina Prado Alves
Academia Santanense de Letras .
        Cadeira no. 14

Em tempo: Os interessados poderão visitar o blog de Tania: navegandoespelhos.blogespot.com

Feira do livro - lançamentos

Dois lançamentos nesta feira que foi inaugurada ontem são um convites aos leitores de nossa região. O livro da Carmen Maria Serralta Hurtado, dia 29 às 18,30h. "A fronteira onde Borges encontra o Brasil", e o livro da nossa escritora e poeta quase santanense Tania Alegria que estará autografando seu livro "Enquanto o vento", dia 13 às 18,30h. ambos no pavilhão da feira do livro na praça da Alvandega, na rua da praia em Porto Alegre.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011


Discurso proferido na Câmara Municipal de Vereadores no dia 29 de junho de 2011.
     Ilustríssimo Senhor Presidente deste Legislativo vereador Sérgio Moreira, Senhores vereadores e demais autoridades que compõem a Mesa já nominadas pelo protocolo. Senhores e senhoras, boa noite.

    O cometimento que recebo neste ato festivo  alusivo aos 154 anos deste Poder Legislativo, nesta noite solene se me chega por demais honroso, me transporta ao dever, ao encargo de tentar traduzir o seu significado, ou seja, a importância desta Casa no nosso município, embora em pálidas palavras do que antecipadamente, me excuso.

    Agradeço, então, ao Diretor Geral deste Poder Sr. Jobahir Alves Vares, pelo convite que me foi formulado para estar aqui presente neste momento de congraçamento e de singular significado para todos nós, santanenses.

    Muito se tem escrito sobre a divisão dos poderes desde que Montesquieu, no século XVIII, escreveu: “L’Esprit des Lois” – O Espírito das Leis – onde ressalta que: ”não é o corpo da lei que eu procuro, mas a sua alma”. Assim, toda lei para Montesquieu, mesmo odiosa, mesmo absurda na aparência, se não é fundamentada na razão, não tem razão de ser. Ele afirma ainda que em um mundo moral a lei e o fato não coincidem sempre, mas no século em que viveu ele acreditava que o progresso era possível.
   De lá para cá o mundo mudou. Presenciamos as vertiginosas mudanças sociais que ocorrem à nossa volta nesse processo de globalização. Mas não mudou a visão que o homem possui do poder enquanto cargo eletivo. Isso se deve, em parte, pela recente história do voto em nosso país, sempre intercalado por longos períodos de arbítrio, por regimes de exceção. Assim, observamos partidos políticos muitas vezes desestruturados que relegam ao segundo plano os reais interesses comunitários. Pode-se afirmar que mudam os governantes, mas não modificam a tática política que, na maioria das vezes, coloca os interesses individuais e pessoais acima dos coletivos e sociais. E essa dicotomia entre o pensar e o agir vem prejudicando, ao longo dos anos, o que designamos de um verdadeiro Estado democrático de Direito.

    Este Poder Legislativo, desde sua fundação em 1857 foi cenário de embates calorosos em que a retórica e o discurso inflamado de muitos de seus integrantes nunca permitiu a opacidade do mesmo. Encaminhar anteprojetos de lei, pedidos de providência, indicações, votos de aplauso e de pesar, além das homenagens aos ilustres cidadãos que labutam diuturnamente para o desenvolvimento social e econômico de nosso município não atesta a total independência dos legisladores como reza o instrumento jurídico através das competências e atribuições pré-estabelecias.
Assim verifica-se a política do troca-troca, do toma cá dá lá, dos favorecimentos ocasionais, do empreguismo, do nepotismo decepcionando sobremaneira o que o eleitor espera de seus representantes.  O povo elege seus representantes através do voto secreto e direto. O povo é soberano na escolha de seus governantes. O povo faz, portanto, a democracia. Mas o povo também, por vezes, mal informado e levado por falsas expectativas é sim o grande responsável pela permanência desse status-quo.

    Falta, com certeza, amadurecimento político e social, cujas decisões não devem ser fruto do imediatismo, mas das reais possibilidades de construção sociais previamente planejadas visando apenas o interesse comunitário.

    A realidade do Poder Legislativo é a mesma para todos os municípios da federação. Para usar um termo muito em voga, no momento, pode-se dizer que ela é republicana. A importância do Poder Legislativo é incomensurável. É nele que surgem os debates das idéias, onde as questões cotidianas dos grupamentos sociais são colocadas, onde se discute problemas e se procura soluções. Mas ainda o poder no qual se possibilita o vilipêndio, as injustiças, as calúnias e difamações. Tudo isso também é democracia.
    Temos uma imprensa livre, onde cada um de nós é um formador de opinião. Daí o cuidado que se deve ter com a palavra no exercício das próprias prerrogativas.

    A política é a responsável pelo avanço ou retrocesso de uma nação. Seria pueril não admitir essa veracidade. Mas precisamos amadurecer e entender que é necessário avançar pelo bem do nosso povo e para aprendermos a não transigir na luta que deve ser constante na defesa de uma sociedade mais humana, humanizada e humanizante.

    Sabe-se que há aqueles que durante toda uma vida se destacaram pelo trabalho continuado, pertinaz na construção de seus ideais ao lado do progresso e do desenvolvimento social. Mesmo que, nem sempre a comunidade se aperceba da grandeza e da importância de seus trabalhos construtivos.

    Vivemos em uma época em que a imagem do homem público está por demais desgastada. Fazer política hoje exige coragem e determinação. A corrupção e os maus exemplos em todos os níveis de atuação deterioram a imagem do homem público. Mas há aqueles que, no exercício da cidadania, pelas mais diversas razões passam a conviver  com o grupo comunitário acrescentando-lhes, paulatinamente ao longo dos anos contribuições as mais diversas, algumas até imperceptíveis. Essas pessoas, obviamente, passam a ser extremamente importantes, mas, independente de sua contribuição de trabalho, conseguem elas, se integrar ao espírito da comunidade comungando cotidianamente de todas as pulsações e anseios da sua vida social.
    Essas pessoas são os senhores vereadores que aplicam assim, longos espaços de suas vidas para a construção do progresso da cidade voltando sua atenção para as lutas e vicissitudes da população.

     Mas só a prática continuada da real democracia é tarefa essencial dos que detém cargos eletivos, sobretudo em uma época em que o sistema federal formalmente garantido nos textos constitucionais perde força cotidianamente e paulatinamente, se anula de forma dramática. Assim o municipalismo vem sendo sufocado pelos governos centrais mais fortes com o sepultamento progressivo da autonomia dos Estados e Municípios.

    Por esse e por outros fatores sentimos que o municipalismo, lastreado na operosidade de pessoas e entidades que lutam pela equalização do desenvolvimento regional, nos diversos centros do país, assume um papel insubstituível na consciência comunitária.

    Por mais de um século e meio muitos foram os vereadores que escreveram a história desta Casa, com trabalho e dedicação ajudaram de forma efetiva uma comunidade como esta nossa, com a sua história de lutas e infortúnios.

    George Steiner, em suas notas para a redefinição da cultura diz: ”Não é o passado literal que nos governa, a não ser,  possivelmente, em um sentido biológico. São as imagens do passado. Uma sociedade requer antecedentes. Quando estes não estão naturalmente à mão, quando uma comunidade é nova ou foi reagrupada após longo intervalo de dispersão ou de sujeição, cria-se, por decreto intelectual ou emocional, um tempo passado, necessário `a gramática do ser.”

    Nossa sociedade alimenta o gosto pelo efêmero, passado e futuro não são referências psicológicas e sociais predominantes, mas sim o presente como instante fugaz. E é, pois, nesse instante presente que nos curvamos solenemente diante à lembrança de todos aqueles que passaram por esta Casa.  A todos que já partiram e  deixaram com seus atos e palavras suas marcas indeléveis neste Parlamento e que conosco conviveram, nossa homenagem de respeito e de saudade.

    Por derradeiro, cumprimento os senhores vereadores, a todos os funcionários desta Casa do Povo agradecendo pela tolerância que tiveram em me ouvir deixando aqui, na singeleza de minhas palavras, minha perene homenagem pela data de hoje.
   
                Maria Schenkel Ibarra, um exemplo de vida.
                                    
                         “’Que eu não tenha nunca por objetivo o reconhecimento ou gratidão.” Oração do Mestre. Maria S. Ibarra.




         Pretérito. Tempo verbal que não se gostaria de empregar quando recordamos àqueles que amamos e já partiram, ainda que a lembrança seja de alegria. Mas a saudade que experimentamos hoje pela Dona Maria será sempre presente e não passado.  Lucien Jerphagnon , historiador e filósofo francês, em sua matéria publicada na revista Le Point, tendo por título La Belle Espérance,  discorre sobre o tema morte.  Ele afirma que para abrandar o medo e a não certeza de uma existência póstuma, o homem inventou os mitos. Talvez o autor de “Au bonheur des sages”, tenha razão.
    Dona Maria, como a chamávamos carinhosamente, exemplo de retidão e coerência se transforma em ícone ou mito, para todas as gerações que receberam seus ensinamentos que valem como uma lição de vida. Tendo se dedicado ao magistério durante longos anos possuía a competência nas disciplinas que lecionava como matemática, português, francês, literatura, psicologia educacional entre outras. Costumava ela dialogar com os alunos defendendo seus posicionamentos sem autoritarismo. Tinha uma imensa capacidade de compreensão do ser humano acompanhando as mudanças sociais que ocorriam à sua volta. Era uma mestre.  Ocupava a cadeira no.1 da Academia Santanense de Letras.  Autora de vários artigos nos jornais locais, tendo participado das coletâneas”O livro dos Patronos”, e “S. do Livramento Corpo e Alma”, ambos publicados pela Academia Santanense de Letras. Em 1987, recebeu o título de Cidadã Santanense Honorária, concedida pela Câmara Municipal de Vereadores. Em 1992, Título e Medalha de Educador Emérito honraria concedida pelo Governador do Estado através do Decreto no. 34508. Anteriormente, em 1959, um Ato de Louvor da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul lhe é outorgado por eficiência, dedicação e desprendimento no exercício de suas atividades profissionais.
    De seus múltiplos artigos sobre educação e atividades assistenciais e culturais de nossa cidade convém ressaltar o que ela diz na sua Oração do Mestre:”Que eu mantenha o meu otimismo e a minha confiança durante a Vida e apesar da Vida, certa de que esta é renovação constante.” Com certeza ela soube transmitir amor na prática do bem. Ensinou a esperança e alegria para as gerações vindouras. Só nos resta agradecer pela sua existência e pelo privilégio que tivemos de com ela conviver.
   
                        Maria Regina Prado Alves

domingo, 28 de agosto de 2011

Discurso proferido em Bergerac, França, durante a Conferência do Rotary do Distrito 1740, em junho de 2010, pela team -leader do IGE, Maria Regina Prado Alves.

Cher Gouverneur,
Chers amis rotariens,
Bonjour à toutes et à tous.

D’abord, je vous remercie de votre accueil. La France a toujours été présente dans la construction sociale, artistique et même politique du Brésil. Ce n’est pas le moment de rémemorer tous les événements historiques qui ont aidé, depuis 1504, à construire les liens entre le Brésil et la France. Mais nous pouvons dire que dès l’arrivée de M. Villegagnon au Brésil, nous reconnaissons l’influence française dans notre façon de vivre. Cela, sans doute, a été un échange marqué par la force des idées.

Nous connaissons, l’importance d’Auguste Comte, le philosophe, du positivisme de l’ordre et du progrès. Cela est rappellé dans le drapeau du Brésil. Nous connaissons l’influence de l’existencialisme et du structuralisme ainsi que la place de la Nouvelle Vague. Nous savons par exemple, que le Brésil « antropophagique » c’est nourri de tout cela. Enfin, nous savons que la rélation entre la France et le Brésil a été marquée par la necessité du regard, de l’étude et de la description.

Répresentante de l’EGE du District 4780 du Rio Grande do Sul, on peut dire que notre instituition ne cessera jamais de travailler pour diminuer la souffrance des personnes qui ont besoin de notre aide. L’effort du président du Rotary International, John Kenny, pour éliminer la polio de la planète, ne doit pas nous faire oublier que sans une action collective nous n’arriverons pas à construire un monde plus solidaire et humanisé.

Notre pays a tellement de diversité géografique et sociale que nous pouvons dire que nous venons d’un pays continent, pays émergent bien sûr,mais modelé par une histoire dont les douleurs ont toujours fini par succomber à la douceur de vivre.
Le Brésil n’oublie pas l’esclavage, la dictature ou la pauvreté mais garde cette faculté de transcender les vicissitudes des siècles pour retrouver en dernier lien la voie de l’espoir.

C’est un grand plaisir d’être ici , dans ce District 1470 et de pouvoir apprendre avec vous un peu plus de choses sur votre pays et votre population.
Dans un monde qui change très vite, dans ce processus de mondialisation on doit reconnaître que ce changement, que le progrès porteur de tant de ménaces risque de faire du futur quelque chose d’inquiétante et de sombre.

Conscient de tout cela, les rotariens et les rotariennes, doivent réflechir à l’avenir. Avec le bénévolat, nous pouvons entreprendre et méner à bien des actions qui évitent des catastrophes humaines.
Penser à l’avenir c’est penser à la vie et son mouvement au-delà des habitudes et des faux problèmes.

Paul Harris avait tout à fait raison quand il a dit qu’il faut donner de soi avant de penser à soi.
Je vous remercie pour votre attention.

domingo, 19 de junho de 2011

lançamento

Sexta-feira última aconteceu o lançamento do livro de Carmen Maria Albornoz Serralta Hurtado - A fronteira onde Borges encontra o Brasil - O evento foi um sucesso contando com a presença de um grande público que aprecia Carmen Maria como o trabalho literário por ela desenvolvido ao longo dos anos. Carlos Appel, da Editora Movimento, ressaltou a importância da obra que, certamente, terá repercussão em outros países.
Carmen Maria autografou por mais de duas horas enquanto um bom vinho era degustado pelos inúmeros convidados.
Oportunamente voltaremos a tratar sobre essa noite memorável quando será postado a apresentação do livro pela Maria Regina da Academia Santanense de Letras.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Eri Aurélio Rivas -

A Academia Santanense de Letras teve como palestrante, em recente reunião, o confrade Eri Aurélio Rivas. O mesmo uma expos sobre recente viagem realizada à China. Eri analisou a vida dos chineses sob a ótica de quem está habituado a viajar e relatar suas impressões. Autor de vários livros, Eri enriqueceu o debate com seus posicionamentos que agradaram a todos os presentes. Voltaremos, em breve, a tratar sobre o autor de "Memórias do fim de milênio" e sua vasta obra litarária.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Reunião Academia Santanense de Letras

Em reunião ordinária da Academia Santanense de Letras, quinta-feira 28, foi apresentada a obra literária da escritora e poeta Tania Alegria. O trabalho sobre a autora gaúcha radicada em Lisboa teve imensa aceitação entre os confrades presentes. Poesias lidas em ambos os idiomas - português e espanhol- dos livros Inverso e Memorial de Exorcismos, despertou o interesse sobre a autora. Resta agora a expectativa da presença de Tania Alegria entre nós, para o mês de junho, dia 18, quando em um workshop vai tratar do tema: Maneiras de contar - Apontamentos sobre técnica da narrativa de contos. Na mesma data lançará o livro de contos, finalista do concurso Açorianos do ano passado: Histórias do mundo virtual. A Academia Santanense de Letras, tendo como presidente a confrade Celina Hamilton Albornoz, não tem medido esforços para divulgar escritores e poetas tanto nacionais como estrangeiros.
Tania Alegria venceu com o poema "Credo de mujer", o primeiro concurso internacional de poesia Yo soy mujer, promovido pelo Movimento Mujeres Poetas International.
Será uma imensa satisfação recebê-la entre nós.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Augusta

AUGUSTA

"... Rasgando as almas que na sombra tremem." Violões que choram. Cruz e Souza.


De bruços, atirada na areia, olhos fixos no mar, Augusta desfrutava de merecidas férias, no litoral carioca. Imagens difusas e distantes passavam pela sua cabeça. Lembranças de outros tempos, de desafios vencidos, de derrotas ocasionais. Pensava no entusiasmo que a levou a vencer obstáculos, a seguir em frente, a lutar por tudo aquilo que a movia diante da vida. Pensava que já não era jovem, que abdicaria de certos sonhos, que não experimentaria ilusões em relação ao próprio cotidiano.

Sempre fora ela uma mulher de vanguarda. Como tal, correra riscos , conscientes e inconscientes. Rompeu barreiras. Atravessou mares e preconceitos. Não saberia nunca encarar o mundo como um período constante de calmaria, sem a agitação das ondas e o perigo das águas em um turbilhão de redemoinhos.

Hoje sentia-se em paz. E essa paz a incomodava. Não teria mais como viver em ritmo de fuga, preocupada apenas consigo mesma: o futuro se transformara em presente e não lhe permitia olhar para trás. Compromissos não lhe concediam o direito de partir. Mundo de cartas marcadas, sem muita graça e emoção. Mas, mesmo assim, o mundo é belo porque é variado, refletia Augusta, virando-se na areia para atender o celular. Era sua filha que a esperava no hotel. Juntas, sairiam para almoçar.

Augusta, sorrindo para si própria, lembrou que fora na longínqua Austrália que optara pela maternidade. Levantando-se, com uma certa pressa, recolheu seus objetos para ir ao encontro daquela que, de certa forma, fizera dela uma mulher mais corajosa, pela responsabilidade em ter assumido sozinha um ser que dela dependia para viver e ser empurrado para o desconhecido.
A vida, às vezes, pode se tornar uma bela aventura, concluiu Augusta, feliz e contente, nessa manhã ociosa e ensolarada que lhe possibilitou um bela viagem em torno de si mesma.

domingo, 16 de janeiro de 2011

frio - O Terremoto

FRIO

Sentir o
dia nublado
de frio e
vento.



Sentir tua
falta
no meio da
noite
gélida e
triste.


Sentir a
angústia da
procura de
teu corpo
por entre
os lençóis inúteis
para minha libido.


Sentir que
a penumbra
acabe
trazendo de
volta, teu riso
teu corpo
para noites
mais quentes
no inverno
e no vento.

A Esperança - O Terremoto

A Esperança



"Car l'espoir, au contraire de ce qu'on croit, équivaut à la résignation. Et vivre c'est ne pas se résigner". (Noces. Albert Camus.)


Leonor pensava no sentido da esperança sentada à beira da lareira, no declínio da existência, imposto pelos anos. O que esperar dos dias que ainda teria pela frente? Sentia a lentidão das horas, as limitações físicas advindas da idade. Afinal, do alto dos seus oitenta e quatro anos, não podia se queixar da vida, do tempo já ido, dos contratempos, descompassos e surpresas.

Leonor realizara alguns sonhos de menina. Casou, teve filhos, netos. Ao tornar-se viúva soube preencher a ausência do marido com tarefas comunitárias, cursinhos de artesanato e convivência com amigos. Aposentada desde o sessenta e cinco anos, vivia o dia a dia entre as atribuições da casa e viagens de lazer.

Mas e agora? Lúcida e só, aprendera a não esperar. Não olhava para trás, recusava-se a viver de lembranças apenas. Queria continuar a ocupar seus momentos, até o último suspiro. Detestava pensar que era mortal. De emoções, necessitava sempre. Um dia após o outro não lhe bastava. Não podia se furtar ao desejo de usufruir de mais manhãs ensolaradas, mais noites tépidas de outono. Com as coisas terrenas, era o compromisso que lhe movia para o sentido de viver. Ao longo dos anos descobrira o cheiro da terra, aprendera a apreciar as coisas simples do cotidiano, as flores do jardim e a natureza toda.

O sonho e a esperança se mesclavam para Leonor, no ímpeto permanente de fugir da angústia, de olhar para frente sem pensar que a cada passo, que a cada segundo, suas chances terráqueas encolhiam.

Aquecida pelas brasas da lareira, no aconchego de sua sala de estar, sabia-se consciente da própria finitude. Qual seria o significado da esperança, senão a extensão dos atos repetitivos do cotidiano? Que importância teria a mesma agora? Leonor já não alimentava mais sonhos libidinosos, como quando ficou viúva. Soube administrar os próprios desejos e renúncias. Vivia com interesse o que a idade podia lhe proporcionar. Mas ensinaram-lhe a rezar, a ser paciente e tolerante. Não podia se rebelar. Pensava apenas que a esperança, para ela, não significava mais nada.

Tocou a campainha, do lado da poltrona, pediu os medicamentos para o problema circulatório de que sofria afastando qualquer possibilidade de crença em alimentar ilusões em relação à própria vida.
Levantando a cabeça, olhou firme para Ana, sua acompanhante, e perguntou:
-Afinal, o que significa a esperança?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Visita - Celina Hamilton Albornoz

Visita



Nesta mesma data, há tempos, me alojava na preguiça do entre festas e a tíbia brisa do verão. Costumava chegar à casa da tia e encontrá-la na penumbra para espantar o mormaço, envolta em perfume de flores que enchiam os vasos distribuídos pela casa. Seus pés pousavam em um puff, os braços encremados, as veias da mão salientes se destacando entre as jóias que a enfeitava. Possuía um anel com uma pedra opaca, azulada, uma água marinha lapidada de forma inesperada, moderna. E a pulseira de placas com esmeraldas. Não tudo usado junto, claro, mas a memória, sôfrega, mais rápida do que as lembranças, fica louca para trazer todos os detalhes e os mistura. Nem sei de onde veio o sentimento reconfortante, o abraço terno que talvez em vida eu nunca tenha recebido dela e que hoje, por causa do ar morno entrando pela janela, do sentimento que me fez voltar ao antigamente, sinto me apertando carinhosamente os braços. Feliz como eu era então naquela contingência, permeada pela realidade, verdadeira, a sensação está comigo. Trago em mim, como diria Fernando Pessoa, todos os sentimentos que há no mundo. De vez em quando, abro a porta e eles vêem me visitar.

Celina Hamilton Albornoz

Cadeira n° 28

sábado, 8 de janeiro de 2011

DESESPERANÇA - O Terremoto

DESESPERANÇA





Por que, não entender
a desesperanaça contida
em dias tão lúgubres?




Por que, não aceitar
a tristeza
nos olhos alheios?


Por que, não entender
os atalhos da existência,
da vida que se
arrasta sem rumo?



Por que, ver a vida
de forma tão fútil,
sem respeitar a
dor dos que sofrem
sem acreditar em um
mundo mais justo
e solidário?

A Esperança - O Terremoto

                                      A ESPERANÇA


            
                       "Car l'espoir, au contraire de ce qu'on croit, équivaut à la résignation. Et vivre c'est ne pas se résigner." Noces - Albert Camus.



           Leonor pensava no sentido da esperança sentada à beira da lareira, no declínio da existência imposto pelos anos. - O que esperar dos anos que ainda teria pela frente? Sentia a lentidão das horas, as limitações físicas advindas da idade. Afinal, do alto dos seus oitenta e quatro anos, não podia se queixar da vida, do tempo já ido, dos contratempos, descompassos e  surpresas.
          Leonor realizara alguns sonhos de menina. Casou, teve filhos, netos. Ao tornar-se viúva soube preencher a ausência do marido com tarefas comunitárias, cursinho de artesanato e convivência com amigos. Aposentada do magistério desde os sessenta e cinco anos, vivia o dia a dia entre as atribuições da casa e viagens de lazer.
        - Mas e agora? Lúcida e só, aprendera a não esperar. Não olhava para trás, recusava-se a viver de lembranças, apenas. Queria continuar a preencher seus momentos até o último suspiro. Detestava pensar que era mortal. De emoções, necessitava sempre. Um dia após o outro não lhe bastava. Não podia se furtar do desejo de usufruir de mais manhãs ensolaradas, mais noites tépidas de outono. Com as coisas terrenas, era o compromisso que lhe movia para o sentido de viver. Ao longo dos anos descobrira o cheiro da terra, aprendera que o cotidiano podia ser simples, como apreciar as flores do jardim e a natureza toda.
          O sonho e a esperança se mesclavam para Leonor, no ímpeto permanente de fugir da dor, de olhar para a frente sem pensar que a cada passo, que a cada segundo, suas chances terráqueas encolhiam.
         Aquecida pelas brasas da lareira, no aconchego  de sua sala de estar, sabia-se consciente da própria finitude. -Qual seria o significado da esperança, senão a extensão dos atos repetitivos do cotidiano? - Que im portância teria a mesma agora? Leonor não alimentava mais sonhos eróticos ou libidinosos, quando à época em que ficou viúva. Soube administrar os própios desejos e renúncias. Vivia com interesses que a idade podia lhe proporcionar. Mas ensinaram-lhe a rezar, a ser paciente e tolerante. Não podia se rebelar. Pensava, apenas, que a esperança, para ela, não significava mais nada.
        Tocou a campainha, do lado da poltrona, pediu os medicamentos para o problema circulatório que sofria e afastava qualquer possibilidade de crença em alimentar ilusões em relação à própria vida.
    Levantando a cabeça, olhou firme para Ana, sua acompanhante, e perguntou:
    -Afinal, o que significa a esperança?