domingo, 24 de fevereiro de 2013


PELO FIM DO “JÁ TEVE”
“Em Livramento, as pessoas não olham para o lado. Olham para baixo”. Pelo fim do exílio. Renato Dalto.

Há uma diversidade imensa de maneiras de pensar sobre determinados assuntos que mobilizam opiniões e sentimentos. Um jargão mais comum é em relação ao desenvolvimento ou estagnação de nossa cidade. Atribuem ao passado, ao “já teve” a melhor fase de vida de nossa gente como se vivêssemos, no momento presente, em uma cidade fantasma. Não podemos desconhecer as inúmeras crises econômicas e reformas tributárias que reduzem a carga de avanço empregatício levando os municípios a um caos administrativo impossibilitando o tão almejado progresso social. Assim surgem críticas justificadas para quem olha apenas para o que foi e não é mais. Repetem que Livramento já teve o frigorífico Armour, responsável durante longo período pelo pão de cada dia de inúmeras famílias santanenses.
      Daí que os que longe vivem dos pagos sofrem de um sentimento de “exílio”. Gostariam, quem sabe, que esta cidade, distante quinhentos quilômetros da capital, fosse um polo de referência industrial e empresarial de todo nosso Estado. Nada mais justo. Mas isso equivale a não reconhecer as condições históricas e culturais desta região de fronteira seca, de vocação agropastoril, única no mundo. Esta cidade tem memória e tem passado, reconhecem alguns menos desavisados. Isso é real. Parte desse passado está registrado em obras de santanenses. Daqueles que procuram resgatar fatos e atos de homens que com bravura cunharam com o selo de coragem e honestidade o chão que pisam os cidadãos aqui nascidos e que aqui permaneceram para enaltecer seu povo e sua gente.
      Não são os partidos, nem a política ocasional responsável por grandes obras ou feitos administrativos. São homens que estão acima de cores partidárias e de siglas.  Observa-se, hoje, no país todo, uma miscelânea de interesses pessoais tornando difícil distinguir ideologia de governabilidade. É em nome dessa última que as lideranças realizam as mais espúrias coligações em nome da coletividade. O Congresso Nacional exemplifica bem essa política de troca-troca. Norberto Bobbio, filósofo italiano que tratou da questão de diferentes regimes totalitários ou não, reconhecia a atenuação entre direita e esquerda. Fica assim difícil atribuir somente a um Partido ou a um senhor os sucessos ou os descompassos de uma determinada administração republicana. Para Vilfredo Pareto, economista e sociólogo, existem dois tipos de governantes: as raposas e os leões. As raposas são materialistas, enquanto os leões são conservadores, idealistas e burocráticos. Trata, ainda, Pareto sobre a teoria da circulação das elites, sobre o poder e a permanência no mesmo, dos que vivem na antessala de governos. Qual desses seria o responsável pelo atraso desta querida Sant’Ana do Livramento que faz com que alguns de seus filhos mais letrados, roteirista de TV e cinema além de escritor não se sinta um cidadão em sua terra natal? Refiro-me a matéria veiculada no jornal “A Plateia”, dia 19 e 20 de janeiro do corrente ano.
                              Maria Regina Prado Alves.
Este comentário seria para ser publicado no jornal ”A Plateia”. Após refletir sobre a questão decidi que não valeria a pena criar uma polêmica sobre o tema tratado.

2 comentários:

  1. Adorei seu blog, li e refleti este comentário,pelo fim do Já Teve.
    Longe de Sant'Ana,sentimento de "exílio".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Maria. Você soube compreender meu comentário. Um abraço pleno de calor fronteiriço.

      Excluir