PELO FIM DO “JÁ TEVE”
“Em
Livramento, as pessoas não olham para o lado. Olham para baixo”. Pelo fim do
exílio. Renato Dalto.
Há uma diversidade imensa de maneiras
de pensar sobre determinados assuntos que mobilizam opiniões e sentimentos. Um
jargão mais comum é em relação ao desenvolvimento ou estagnação de nossa
cidade. Atribuem ao passado, ao “já teve” a melhor fase de vida de nossa gente como
se vivêssemos, no momento presente, em uma cidade fantasma. Não podemos
desconhecer as inúmeras crises econômicas e reformas tributárias que reduzem a
carga de avanço empregatício levando os municípios a um caos administrativo
impossibilitando o tão almejado progresso social. Assim surgem críticas
justificadas para quem olha apenas para o que foi e não é mais. Repetem que
Livramento já teve o frigorífico Armour, responsável durante longo período pelo
pão de cada dia de inúmeras famílias santanenses.
Daí
que os que longe vivem dos pagos sofrem de um sentimento de “exílio”.
Gostariam, quem sabe, que esta cidade, distante quinhentos quilômetros da
capital, fosse um polo de referência industrial e empresarial de todo nosso
Estado. Nada mais justo. Mas isso equivale a não reconhecer as condições
históricas e culturais desta região de fronteira seca, de vocação agropastoril,
única no mundo. Esta cidade tem memória e tem passado, reconhecem alguns menos
desavisados. Isso é real. Parte desse passado está registrado em obras de
santanenses. Daqueles que procuram resgatar fatos e atos de homens que com
bravura cunharam com o selo de coragem e honestidade o chão que pisam os
cidadãos aqui nascidos e que aqui permaneceram para enaltecer seu povo e sua
gente.
Não
são os partidos, nem a política ocasional responsável por grandes obras ou
feitos administrativos. São homens que estão acima de cores partidárias e de
siglas. Observa-se, hoje, no país todo, uma
miscelânea de interesses pessoais tornando difícil distinguir ideologia de
governabilidade. É em nome dessa última que as lideranças realizam as mais
espúrias coligações em nome da coletividade. O Congresso Nacional exemplifica
bem essa política de troca-troca. Norberto Bobbio, filósofo italiano que tratou
da questão de diferentes regimes totalitários ou não, reconhecia a atenuação
entre direita e esquerda. Fica assim difícil atribuir somente a um Partido ou a
um senhor os sucessos ou os descompassos de uma determinada administração
republicana. Para Vilfredo Pareto, economista e sociólogo, existem dois tipos
de governantes: as raposas e os leões. As raposas são materialistas, enquanto
os leões são conservadores, idealistas e burocráticos. Trata, ainda, Pareto
sobre a teoria da circulação das elites, sobre o poder e a permanência no
mesmo, dos que vivem na antessala de governos. Qual desses seria o responsável
pelo atraso desta querida Sant’Ana do Livramento que faz com que alguns de seus
filhos mais letrados, roteirista de TV e cinema além de escritor não se sinta
um cidadão em sua terra natal? Refiro-me a matéria veiculada no jornal “A Plateia”,
dia 19 e 20 de janeiro do corrente ano.
Maria Regina Prado Alves.
Este comentário seria para ser publicado no jornal ”A
Plateia”. Após refletir sobre a questão decidi que não valeria a pena criar uma
polêmica sobre o tema tratado.
Adorei seu blog, li e refleti este comentário,pelo fim do Já Teve.
ResponderExcluirLonge de Sant'Ana,sentimento de "exílio".
Obrigada, Maria. Você soube compreender meu comentário. Um abraço pleno de calor fronteiriço.
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