sexta-feira, 21 de agosto de 2015

CORAL ZEMER EM LIVRAMENTO


   No último dia 5 do mês em curso, o público de nossa fronteira assistiu uma única apresentação do Coral Zemer, de Porto Alegre. Foi uma belíssima noite de música, prestigiada tanto por santanenses como por riverenses. Esse evento só foi possível graças ao empenho da artista plástica Ana Baladão, integrante do Coral e ligada a esta terra por laços de amizade. Cabe salientar que Ana sempre nos brindou com eventos importantes para o mundo das artes de nossa cidade. Aqui realizou palestras, exposições, relatos de viagem. Retorna agora com o Coral Zemer, em uma parceria com a Aliança Francesa e Secretaria de Cultura do município, durante as festividades alusivas aos 192 anos de nossa cidade.
   O Coral Zemer participa há onze anos de todos os festivais de Coros de Porto Alegre e no interior do Estado, em clubes, associações, capelas, catedrais. O Coral atinge, dessa forma, um dos objetivos que é o de mostrar ao público não judaico, músicas nas línguas iídiche, ladino e hebraico e que, na maioria, são desconhecidas fora da comunidade judaica. E foi, justamente, essa apresentação irrepreensível, de alto nível, em várias línguas que emocionou a todos os presentes.
  Destaque para o maestro, o barítono Francis Padilha e os dois músicos integrantes da OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre), os búlgaros Velitchka Filopova( no violino) e Filip Filipov (piano). Um conhecimento profundo do grupo, muito homogêneo, das músicas selecionadas e interpretadas, foi comentado pela assistência. Foram felizes na escolha do repertório e felizes na execução. Receberam os aplausos, em pé, da plateia presente, nessa noite memorável para os apreciadores da boa música.
   A Aliança Francesa, tendo como diretora a senhora Teresa Costaguta e como presidente a professora Agar Simões contando no seu Conselho Diretivo com Carmen Maria Serralta Hurtado, Lalo Guerra e Carmem Regina Vijande Pedroso, vem possibilitando festivais além de ciclos de palestras e sessões de cinema no intuito sempre de aproximar essa instituição de todos os órgãos relacionados à cultura da comunidade.

domingo, 24 de fevereiro de 2013


PELO FIM DO “JÁ TEVE”
“Em Livramento, as pessoas não olham para o lado. Olham para baixo”. Pelo fim do exílio. Renato Dalto.

Há uma diversidade imensa de maneiras de pensar sobre determinados assuntos que mobilizam opiniões e sentimentos. Um jargão mais comum é em relação ao desenvolvimento ou estagnação de nossa cidade. Atribuem ao passado, ao “já teve” a melhor fase de vida de nossa gente como se vivêssemos, no momento presente, em uma cidade fantasma. Não podemos desconhecer as inúmeras crises econômicas e reformas tributárias que reduzem a carga de avanço empregatício levando os municípios a um caos administrativo impossibilitando o tão almejado progresso social. Assim surgem críticas justificadas para quem olha apenas para o que foi e não é mais. Repetem que Livramento já teve o frigorífico Armour, responsável durante longo período pelo pão de cada dia de inúmeras famílias santanenses.
      Daí que os que longe vivem dos pagos sofrem de um sentimento de “exílio”. Gostariam, quem sabe, que esta cidade, distante quinhentos quilômetros da capital, fosse um polo de referência industrial e empresarial de todo nosso Estado. Nada mais justo. Mas isso equivale a não reconhecer as condições históricas e culturais desta região de fronteira seca, de vocação agropastoril, única no mundo. Esta cidade tem memória e tem passado, reconhecem alguns menos desavisados. Isso é real. Parte desse passado está registrado em obras de santanenses. Daqueles que procuram resgatar fatos e atos de homens que com bravura cunharam com o selo de coragem e honestidade o chão que pisam os cidadãos aqui nascidos e que aqui permaneceram para enaltecer seu povo e sua gente.
      Não são os partidos, nem a política ocasional responsável por grandes obras ou feitos administrativos. São homens que estão acima de cores partidárias e de siglas.  Observa-se, hoje, no país todo, uma miscelânea de interesses pessoais tornando difícil distinguir ideologia de governabilidade. É em nome dessa última que as lideranças realizam as mais espúrias coligações em nome da coletividade. O Congresso Nacional exemplifica bem essa política de troca-troca. Norberto Bobbio, filósofo italiano que tratou da questão de diferentes regimes totalitários ou não, reconhecia a atenuação entre direita e esquerda. Fica assim difícil atribuir somente a um Partido ou a um senhor os sucessos ou os descompassos de uma determinada administração republicana. Para Vilfredo Pareto, economista e sociólogo, existem dois tipos de governantes: as raposas e os leões. As raposas são materialistas, enquanto os leões são conservadores, idealistas e burocráticos. Trata, ainda, Pareto sobre a teoria da circulação das elites, sobre o poder e a permanência no mesmo, dos que vivem na antessala de governos. Qual desses seria o responsável pelo atraso desta querida Sant’Ana do Livramento que faz com que alguns de seus filhos mais letrados, roteirista de TV e cinema além de escritor não se sinta um cidadão em sua terra natal? Refiro-me a matéria veiculada no jornal “A Plateia”, dia 19 e 20 de janeiro do corrente ano.
                              Maria Regina Prado Alves.
Este comentário seria para ser publicado no jornal ”A Plateia”. Após refletir sobre a questão decidi que não valeria a pena criar uma polêmica sobre o tema tratado.

domingo, 4 de novembro de 2012

 A Feira do Livro Binacional reuniu um grande público da fronteira. Cabe dizer que alqumas situações foram bizarras: Como o excesso de barulho durante as palesdtras e a falta de comunicação entre os participantes. Tendo representado a Academia Santanense de Letras em uma Mesa Redonda sobre autoras riverenses, fui tomada de surpresa pois tinha sido convidada para apresentar uma autora de minha escolha pessoal e não uma autora da vizinha cidade fronteiriça. Foi uma situação deveras incômoda e que deve servir de alerta para as programações vindouras. Não pode ocorrer essa falha de comunicação entre os organizadores. De resto, tudo correu bem e pude divulgar o trabalho deTania Alegria e sua ligação com a fronteira e, sobretudo, com o idioma espanhol.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A poesia de José Ronaldo Viega Alves

A poesia de José Ronaldo Viega Alves
“De onde vem a onda?\Aonde vai a onda?” (Telas e Teias – José Ronaldo Viega Alves.
           
Por Maria Regina Prado Alves

       Um poeta sempre reflete seu mundo interior. Com José Ronaldo não é diferente. O autor de mais de vinte livros publicados escreve versos como se estivesse conversando. Os temas são os de todos os mortais. Sensações vividas, lembranças de tempos idos. Amor pelo cinema refletido em sua última obra. Em “O livro da recriação”, no poema “Sacudindo a poeira”diz: “retirar a poeira das estrelas\que em seus ombros se acumulara\depois de uma noite de luar.” No livro “As cores da memória” fala ainda sobre o amor, no poema: “Primeira e última vez”, confessa:” O amor,\depois de instalado,\ vai apagando as parte da memória anterior,\e fazendo com que tudo\tenha o gosto, da primeira vez.”
    Em seus “Ensaios sobre viagens no tempo” deixa transparecer sua preocupação com o tempo, com a finitude. No poema “Relógio” fala: “A memória \é só um relógio\que enlouqueceu.\Ponteiros andando para trás,\na busca de um tempo\que se perdeu.” Em “A Criação & Golens” discorre sobre a lenda judaica que o encanta pelo mistério que a envolve e as consequentes digressões filosóficas sobre o tema em questão. No poema “Memória d’Água” comenta: “Uma medusa\trazida pelas correntes\veio parar\na areia da praia\. Em instantes,\sua memória d’água,\começou a evaporar.”.
    Difícil discorrer sobre o universo poético de José Ronaldo Viega Alves sem compreender sua inquietação, não apenas sobre o mundo que o rodeia, mas como a de um estudioso de temas científicos que o levaram a escrever sobre a história da maçonaria, trabalho ainda não publicado. Dedica-se também, no momento, à análise do autor de Salamanca do Jarau, Simões Lopes Neto e sua atuação como maçon.
    Em “O tempo e seus labirintos” pode-se apreciar as crônicas do autor mostrando sua versatilidade quanto ao gênero literário.
      José Ronaldo Viega Alves possui diversos prêmios  em concursos de poesia, conto e crônica tendo participado em mais de cinquenta antologias. É membro da Academia Santanense de Letras para alegria de todos seus confrades.

Los largos caminos y lejanos horizontes de Tania Alegría

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Entrevista a una de las más importante escritora brasileña contemporánea, donde habla de su experiencia en la Internet hispana y de los escritores que la han marcado en su estilo literario

ENTREVISTA


Por Ernesto R. del Valle.- Poeta del Mundo. Editor de la Revista GUATINí.

Un compromiso se convierte ena deuda cuando es algo íntimo, y se hacelátigo restallante cada vez que piensas que no ha sido cumplida.. Esto es lo que me ha sucedido con Marien, la querida amiga virtual y colega literaria, brasileño-portuguesa, Tania Alegría, pero para mí siempre Marien, aquella administradora consecuente, siempre a mano y locuaz del excelente Foro SALA DE ESCRITORES. Ya, desde esa lejana fecha del 2002, tenía yo en mente, sin ella saberlo, hacerle unas preguntas a fin de conocer sobre aquella simbiosis habida en su vocación literaria siendo abogada de profesión, defendiendo los derechos de una Agencia Naviera. Hoy, con beneplácito cumplo aquel compromiso conmigo mismo, aquella deuda secreta que tenía con ella.
Ernesto R. del Valle= . Marien, quisiera que me hablaras de aquella niña que, aunque sigue contigo, cómplice de tus aciertos y desaciertos, recuerdas con nostalgia. Háblame de esa etapa temprana de tu niñez, la casa que conociste cuando comenzaste a tener uso de razón y sobre todo, háblame de tus padres.
Tania Alegría= Mi recuerdo más lejano es un patio en un país tropical. Árboles de fruto y madreselvas, una exuberancia de verdes, un suelo de tierra donde correr y jugar, una casa modesta en un barrio de la periferia…
ERdelV= ¿Dónde Marien?

T.A.= En Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, en los años 50. De mis padres recuerdo el brío y la alegría, el empeño en el trabajo arduo, las manos dispuestas a la caricia, la generosidad que esparcían a su entorno, el corazón hospitalario y el don de gentes. Ambos habían venido muy jóvenes del interior del Estado, de zonas campesinas, él de Quaraí, en la frontera con Uruguay, ella de Restinga, zona de colonización alemana. Vinieron a la capital a buscarse trabajo y un futuro más promisor que aquél que parecía estarles destinado en sus tierras de origen. Ella se consiguió trabajo en la compañía telefónica y él en una empresa de seguradora.
ERdelV= ¿Ya se conocían tus padres antes de llegar a Porto Alegre?
TA= No, se conocieron en Porto Alegre y ahí se casaron. Su casa siempre estuvo abierta para recibir a los parientes niños y jóvenes que venían del interior, bien porque se habían quedado huérfanos, bien porque deseaban estudiar o encontrar trabajo.
ERdelV= . Gente sencilla y trabajadora, como los que encuentras en el interior de cualquier país, Cuba, Santo Domingo, Haití. ¿Pero cuéntame, cómo recuerdas la casa de tu infancia?
T,A= Así recuerdo la casa de mi infancia, un lugar humilde y alegre, lleno de niños, adolescentes y jóvenes. Además de mis padres, una presencia notable en mi infancia fue la de mi hermana: aunque desde hace cuarenta años vivimos en países distintos, seguimos unidas como en el tiempo en que compartíamos las travesuras de subir a los árboles, succionar las flores de las madreselvas, jugar con muñecas de trapo y ataviarnos con aderezos de gitanas.
  ERdelV= Tuviste alguna experiencia, en tu vida sobre la pampa gaucha, ¿dónde fue eso?
T.A=. Tenía ocho años cuando mi padre ingresó en la función pública y fuimos a vivir en Santana do Livramento, ciudad fronteriza con Rivera, Uruguay. En esas dos pequeñas ciudades del interior, incrustadas en la pampa gaucha, pegadas una a la otra, ubicadas en dos países vecinos y que no están separadas por ninguna frontera, ni accidentes geográficos, ni puestos aduaneros, donde la única referencia a la existencia de dos países es un obelisco en una plaza y los idiomas que se hablan en una y otra acera de la misma calle, viví hasta completar dieciocho años, cuando volví a Porto Alegre para cursar la Universidad.
ERdelV= . Pienso que esa vida te habrá marcado para siempre ¿Que te queda en la memoria de esa etapa, digamos, pampeana, de esa cultura, de esa costumbre gaucha?


Tania con su padre a los tres años de edad.
T.A= . En esa pequeña ciudad que empezaba en un país y terminaba en otro, cercada de inmensas planicies verdes, se estructuró mi personalidad, fundada en los valores de las gentes gauchas y pampeanas, gentes quietas, con un exacerbado sentido de la honra y el absoluto respecto por la palabra dada. Crecí en un lugar donde los campos se extienden hasta el horizonte, sin que ningún obstáculo se presente ante la mirada. Crecí sin montañas, sin ríos, sin florestas, sin fronteras, habituada a las líneas rectas, a los largos caminos, a los lejanos horizontes, al cielo que empieza delante de los ojos si se mira en frente, no arriba de ellos.
ERdelV.= Marien, me es sumamente interesante tu etapa de estudios universitarios
T.A.= Dos cursos universitarios completados en el Brasil, un curso de pos grado hecho en Portugal, mi casamiento con un portugués, el nacimiento y crianza de mis dos hijos y la carrera en el sector del comercio internacional y transportes marítimos .
ERdelV= Allí está el detalle, una joven con inclinaciones literarias hace carrera comercial internacional. ¿Cómo fue eso?
T.A=. Está bien que sea así: ése es igualmente un salto sobre treinta años de vocación odiada, porque yo había decidido ser escritora en la adolescencia. Después la vida me llevó por otros caminos. Sin embargo, la lectura fue una constante a lo ancho y a lo largo de mi trayectoria de vida. Desde la adolescencia, siempre fui una lectora apasionada y compulsiva.
ERdelV= ¿Leías mucho?
T.A.= Leía todo lo que me apareciera delante de los ojos,

Banderas de Brasil en Santanado Livramiento (Brasil) y Rivera (Paraguay) .
Cualquier texto que tuviese al alcance de la mano. No eran lecturas orientadas o encauzadas a un propósito definido: leía periódicos, revistas, libros de cuentos y novelas, diccionarios, enciclopedias. Devoraba todo lo que fuese palabra en tinta negra sobre papel blanco. Leía en casa cuando mi vida doméstica y profesional me dejaba tiempo, en la arena cuando llevaba a mis niños a la playa, en los transportes públicos, en las salas de espera de consultorios médicos, en cualquier lugar donde estuviera esperando a alguien o algo. Si miro hacia atrás, en todas las escenas que recuerdo de mi vida me veo con un libro en las manos, en la bolsa, en la mesilla. Pero nunca más pensé en escribir. ERdelV= ¿Cómo entra en tu vida entonces, Sala de Escritores?
T.A.= Cuando cerré mi carrera profesional, en 2002, decidí que era tiempo de retomar el interés por el oficio de escribir. Entonces el mundo literario ya se había vuelto más asequible con el surgimiento de la Internet y tenía delante de mí un vasto universo donde la práctica de la literatura estaba al alcance de todos. En la red virtual me sentí como un pez en el agua: estaba habituada a vivir sin fronteras. Así surge en mis encrucijadas el foro poético literario Sala de Escritores, que fundé en 2002 y administré hasta 2009, cuando dejé de usar el pseudónimo Marien (por el cual muchos compañeros hasta la fecha me tratan) y me desligué de la Internet porque necesitaba ese tie mpo para cuidar de mi nieto y para escribir. En realidad, desde esa época mis actividades en la red virtual cesaron casi completamente, a excepción de la edición de mis blogs en español y portugués, de esporádicas colaboraciones en revistas cuando soy invitada, y de mi empeño en divulgar los objetivos de la organización Remes – Red Mundial de Escritores en Español, contra el plagio y el anonimato en la red, en la cual soy responsable del área Literatura en Internet
.
La Escritora a los 18 años
ERdelV= Recuerdo que en aquella etapa comenzabas a tomar el Idioma Español por las riendas, incluso, en algunas ocasiones yo te ayudaba personalmente en la sintaxis y recuerdo cómo, con esa voluntad que brotaba en ti como fuerza telúrica, hacías todo lo posible por mejorar el entuerto. Años más tarde veo con gran sorpresa y maravillado, tus poemas en un español limpio, lúcido, esplendente. Mi pregunta, Marien, va directa a ese empeño tuyo por expresarte en Español, ¿a que se debía esa particularidad en ti?
TA= Cuando empecé a frecuentar la red virtual no encontré en los sitios de lengua portuguesa -probablemente porque no supe buscar- ninguno que me ofreciera condiciones para iniciar mi aprendizaje de las técnicas de narrativa y versificación, pero constaté que la red de habla hispana era un territorio con variadas y ricas posibilidades. Para transitar esos mapas necesitaba primero aprender a escribir en español. Por eso creé el foro Sala de Escritores, que fue así llamado precisamente porque quería asegurarme de que los participantes tuvieran el dominio del idioma, para aprender de ellos. Allí nos encontramos, Ernesto, y hasta hoy mi corazón y mi intelecto se regocijan por ese encuentro. Fuiste mi primer maestro y el primer compañero de administración del foro. Contigo empecé a aprender a escribir en castellano y tu paciencia y talento pedagógico me motivaron para seguir aprendiendo aun cuando, más tarde, nuestros caminos virtuales siguieron diferentes rumbos.
Encuentro de miembros de Sala de Escritores en 2003
A la extrema izquierda Poeta Cero Grado, al centro Marien
(Tania Alegría) Directora del Foro Literario
ERdelV= Yo guardo un especial cariño por todos los miembros deSala de Escritores. Aún contacto, de cuando en vez con la chilena Freya, ¿recuerdas Marien ? háblame de ese aprendizaje como administradora de un foro en español
TA= Para administrar un foro de habla hispana debería saber expresarme en español. Conocía el idioma como resultado de mi vivencia en la frontera con Uruguay, pero aún no podía evaluar la riqueza del léxico, el mérito de la gramática, la orfebrería de la sintaxis. Menos aún podría captar la brillantez de los textos originales de mis escritores favoritos de habla hispana. Pongamos que lo mío con el idioma español es un caso de amor. Continuo siendo aprendiz de la lengua castellana y cumple decir que, si pulcritud hay en mis versos desde el punto de vista de la lingüística, eso se debe no solamente a mi empeño en aprender sino a la revisión sistemática de mis poemas hechos por los poetas argentinos Carlos Raúl Lemiña Cortéz y Rafaela Pinto, a quienes considero dos de las más sonoras voces de la poesía contemporánea de habla española. Cierta vez relaté los entresijos psicológicos de mi relación con el idioma español, más bien la relación entre mis egos Tania Alegria y Marién, en el cuento intitulado “Marién”, editado en mi libro “Histórias do Mundo Virtual”, cuya versión en español se encuentra publicada en el blog con el mismo título: .
ERdelV= .- Cuando leo un poema tuyo, me abstraigo de todo lo que me rodea, cosa que me sucede, solamente, en mis momentos de creación. Tus versos son como limados, potencialmente estructurados, trabajados con fruición, con un objetivo básico. ¿Eres una perfeccionista del verso?
Tengo la firme convicción de que el poeta que no esté dispuesto a respetar las normas de la versificación (...) debería escribir prosa poética, narrativa u otro género o subgénero(...)
TA = Sí, Ernesto. Sin duda, soy una perfeccionista del verso, en el sentido que busco componer versos técnicamente correctos. En verdad, no hay nada que no sacrifique a la pulcritud técnica: el vocabulario, el mensaje, la idea poética, todo queda en segundo plano ante el desafío de escribir un verso formalmente perfecto. Pienso que ésa es una actitud coherente, puesto que si quisiera privilegiar otros elementos, como la inspiración o el léxico, escribiría lo mismo en prosa poética, no en poemas. No debemos olvidar que un poema es una obra compuesta en versos y lo que caracteriza el verso es el ritmo, la cadencia. Si la métrica y el ritmo acentual no están presentes, lo que tenemos es una prosa cuyas frases no van hasta el final de la línea sino que están recortadas en retazos acomodados unos debajo de los otros.
ERdelV= ¿Estás convencida de que las normas o preceptiva literaria en cuanto a la construcción del verso es inviolable.

Otro encuentro de los miembros de Salade Escritores (2005)
T.A.= Tengo la firme convicción de que el poeta que no esté dispuesto a respetar las normas de la versificación o la convención de la línea poética si se trata de versos libres -que, al contrario de lo que muchos parecen pensar, no por ser compuestos en períodos prosódicos distintos dejan de exigir la sonoridad del verso- debería escribir prosa poética, narrativa u otro género o subgénero, y dejar que los poemas sigan siendo composiciones formadas por un conjunto de versos con su propia melodía y musicalidad.
ERdelV= Que crees de algunos poetas que llaman poema a las líneas de la prosa, partidas una debajo de las otras? José Martí, entre muchos en su época nos dejó una inmensa fortuna literaria escrita en versos libres. Yugo y estrella, por citar un ejemplo.
T.A,= Es de lamentar que en estos tiempos y sobre todo en la red virtual, la denominación verso libre -una innovación magistral que tuvo en Carlos Alfredo Becú, James Freyre y Rubén Darío sus precursores en idioma español- actualmente sirva para designar cualquier conjunto de frases que se presenten expuestas todo abajo y a derecho. No deberíamos olvidar la lección de T. S. Eliot: "Ningún verso es libre para el hombre que quiere hacer un buen trabajo." Por otro lado, actualmente se nota -sobre todo en la red virtual- cierta tendencia para la innovación poética, designada por sus adeptos como poesía experimental. No obstante, algunos poetas parecen confundir innovación con transgresión a la gramática. Personalmente pienso que hay formas de innovar en poesía, con recurso a la temática y a los recursos retóricos, sin caer en la tentación de abastardar el idioma en pro de una pseudo revolución formal de la poética. Por esas tendencias que referí, considero mi deber -en la condición de verseadora en un idioma que no es el mío- la observancia rigurosa de la preceptiva, aunque suela trabajar con versos polimétricos blancos. De todos modos, sea en poética o en narrativa, tengo siempre delante de mis ojos la frase que Franz Kafka escribió en una carta a Max Brod y que tengo pegada al lado de mi ordenador: “Todo mi ser se alarma delante de cada palabra; cada palabra, antes que la escriba, mira a su alrededor”.
ERdelV= Hiciste tu aparición en la poesía actual con un libro de poemas que, –según el decir de nuestra colega, la poetisa argentina Rafaela Pinto- es de una calidad excepcional. Aquel libro es In-Versos. Luego vinieron otros, Memorial de Exorcismos,Navegando espejos... Además de Cuentos, Relatos y una Novela. ¿Cuál de los libros de poesías actualmente editados se encuentra dentro de tu preferencia? ¿Hay algún impulso inconsciente que te hace decidir cuál libro prefieres sobre otro?
TA= Hasta el presente tengo cuatro libros de poesía editados en España, Portugal y Paraguay. Pienso que mi mejor libro es el primero, "InVerso", publicado por Ediciones RiE - Redactors i Editors, Valencia, España, en 2008, aunque cabe decir que algunos de los poemas de ese libro están reproducidos en "Memorial de Exorcismos" (2010) y también publicados en portugués en "Poemas sem flor nem fruto", editado en Oporto (2011).
ERdelV= . ¿Algo especial hay en In-Versos para que tenga la categoría de “mejor libro”?
T.A= . Las razones de mi preferencia por "InVerso" son sólo en parte subjetivas y en gran medida de orden técnica, pues se prenden con el desarrollo de mi proceso creativo, de lo que resultó una diferencia conceptual de la poesía entre ese primer libro y los demás. Aunque no sea fácil a una sumergirse en los entresijos de la propia creación poética, voy a intentar un enunciado del proceso creativo que acabo de referir: En la fase en que compuse los poemas de "InVerso" sucedía surgirme un tema en la mente -que consideraba con condiciones para ser trabajado con los instrumentos del arte poético- y lo desarrollaba en un conjunto de versos. En un momento dado pasaron a surgirme en la mente uno o dos versos hechos, en general endecasílabos, completos, perfectos en metro y ritmo acentual, y alrededor de esos versos construía un tema. Por otras palabras, inicialmente buscaba versos para expresar una idea, después pasé a buscar ideas para justificar los versos. Esto puesto, a mí me parece evidente que pasé de poeta a verseadora, lo que desde un punto de vista lógico parecerá un recorrido descendiente en el proceso creativo, lo que no me preocupó demasiado pues ese fenómeno sucedió en el momento en que había me dedicado a la literatura de ficción y la narrativa pasó a ocupar un lugar privilegiado en mis quehaceres literarios. ERdelV= Te mueves entre dos orillas, Brasil y Portugal. En una entrevista a la revista M eander Magazine dejaste sobre este tema unos versos que te hago recordar: Patria es el suelo en donde alguna vez se inscribieron las huellas de mis muertos, por eso yo me iré sin saber nunca de qué lado el mar era el exilio. ¿A qué circunstancias se debe a que seas mujer de dos Patrias?

Tania en Lisboa
T A= Suelo ir al Brasil dos o tres veces cada año, tengo allí a mi familia estructural de origen, mi madre, mi hermana y demás familiares, tengo una casa, intereses de diversa índole, cometidos editoriales y compromisos cívicos, pues mantengo la nacionalidad brasileña a par con la portuguesa que adquirí por matrimonio. En Lisboa, donde tengo residencia permanente, están mi marido, mis hijos, mi nieto. Por esos motivos en cierta forma estoy siempre en viaje, cruzando el Atlántico de un lado a otro y esparciendo adioses en ambas márgenes, transportando proyectos, preocupaciones y añoranzas de una orilla a la otra, siempre llegando, siempre partiendo, siempre con los verbos conjugados en gerundio. Es mi signo de ave migratoria. En uno de mis “Poemas epistolarios” creo haber conseguido enunciarlo al mencionar "la línea sutil del meridiano que divide mi exilio en hemisferios". Además, como expresan los versos que citas, en ambos países están mis muertos y una mujer pertenece a la tierra donde enterró a los suyos.
ERdelV= Juan Rulfo, Gabriel García Márquez y Juan Carlos Onett i Tres nombres que para ti, son los baluartes de la prosa Hispanoamericana y que de alguna manera influyen y marcan tu estilo narrativo. ¿Con cuál de los tres consagrarías o hallarías razones como para dejar a los otros dos a un lado?
TA= No es tarea fácil privilegiar a uno de los tres autores mencionados, sin embargo no puedo dejar de curvarme en reverencia ante la evidencia de que Rulfo consiguió, con la publicación de apenas dos libros, el reconocimiento y la celebridad que García Márquez y Onetti lograron con docenas de obras. Hay que ser realmente grande para, con solo dos obras publicadas, alzarse a la altura del colombiano que llevó el realismo mágico a los vértices que nadie pudo ultrapasar y del uruguayo que es considerado el padrino oculto e inquietante de la literatura latinoamericana.

ERdelV Entre el verbo desesperante, trágico, telúrico de un Rulfo, la prosa inquietantemente acusatoria de Onetti quien para muchos, su libro La vida breve editado en 1950 es su libro más famoso, es decir entre estos dos señores escritores, y caer apresado en las redes dialógicas de un Gabo, ¿por cuál te decidirías?
T.A. En una apreciación subjetiva, diría que el lenguaje de Rulfo es más primitivo y auténtico -y tal vez por eso más musical-, su estilo llega con más fluidez a la totalidad de los sentidos del lector, las estructuras sobre las cuales erigió la novela “Pedro Páramo” y los cuentos de “Llano en llamas” son absolutamente innovadoras, su escritura ejerció en los autores latinoamericanos sus contemporáneos una influencia sólo comparable a la ejercida por Faulkner. No sin razón Álvaro Mutis, Carlos Fuentes, Gabriel García Márquez y Jorge Luís Borges consideraron las obras de Rulfo cumbres de la literatura universal.
ERdelV= ¿Cómo ve Marien la Literatura joven en Brasil y Portugal?
TA= Lamentablemente no dispongo de suficiente información sobre la literatura joven en Brasil y Portugal. En ambos países la máquina editorial y el mercado distribuidor privilegian la publicación de autores reconocidos y son dadas pocas hipótesis a los jóvenes autores. Lo que se evidencia ante una mirada realística de la literatura de habla lusitana es que primero hay que hacerse un nombre -como periodista, articulista, columnista, presentador televisivo- para después lograr un lugar visible en el mundo editorial. Por otro lado, en los países de habla portuguesa es claramente ineficaz, a efectos de la literatura nacional, la acción de los agentes literarios, cuya función primordial parecer ser promover la publicación de autores extranjeros. Si hacemos un recorrido por la red virtual encontramos páginas de poetas y escritores de habla portuguesa en número bastante inferior a las de autores hispanohablantes.Por otro lado, en cuanto al Brasil, no podemos ignorar la realidad de que debido a la extensión del territorio, un autor que se publique en uno de los Estados de la Unión raramente será conocido en otros, porque las redes de distribución son, en general, de pequeña dimensión y restringidas al ámbito local.
ERdelV= Freya Hodar Nistal, nuestra común amiga y colega chilena, de la que te hablé hace un instante, me hizo llegar una nota de tu última publicación. Cuéntame de qué se trata.
TA= Mi último libro, una novela editada en el Brasil en Noviembre del año pasado se intitula "Enquanto o vento" y será publicado este año en Paraguay, con distribución también en Argentina, con el título "Mientras el viento". La novela trata -como todas las obras que componen mi labor narrativa- de la crueldad. Debo aclarar que escribo sistemáticamente sobre la crueldad porque pienso que es lo peor que existe en el mundo.
ERdelV Puedes hablarme sucintamente de la trama sicológica de la novela?
T.A. “Mientras el viento” es una novela de situación, o de episodio –según la tipología establecida por Wolfgang Kaiser– en la cual los personajes son conducidos por la trama y no al contrario como sucedería en una novela de personaje o de acontecimiento. Es el torbellino de las circunstancias que arrastran la vida de los individuos lo que lleva a uno de los protagonistas a tomar consciencia de que “cada ser humano es culpable de lo que sucede en su isla”.
ERdelV= ¿ Qué tienes como proyecto para el futuro próximo?
TA= En el futuro próximo tengo proyectada la publicación de una novela en la cual desde hace algunos meses estoy trabajando, intitulada "El libro de Ismael". La obra es la transcripción de cinco cuadernos escritos por un prisionero condenado por homicidio, durante el tiempo en que cumple la pena en una prisión-modelo, una especie de proyecto experimental de transformación del sistema penitenciario en un país latinoamericano.
ERdelV= ¿Crees necesario decirle algo a los jóvenes escritores?
TA= Nunca pierdo la oportunidad de decir algo a los jóvenes, sean escritores o no, puesto que ellos son el futuro, que es lo que de más precioso existe en la vida del mundo. Digo a los jóvenes, escritores y lectores, que pongan su capacidad de rebelión y su talento subversivo (que todos los jóvenes los tienen) al servicio de la justicia social y concentren la pujanza de su juventud en la preparación de un futuro más digno para la humanidad, lo que es decir, donde la vida humana no sea objeto de injusticia y crueldad. Especialmente a los jóvenes escritores repito las palabras de Juan Carlos Onetti, que expresan lo que pienso sin que yo misma hubiera sido capaz de decirlo con tanta claridad: "No sacrifiquen la sinceridad literaria a nada. Ni a la política ni al triunfo. Escriban siempre para ese otro, silencioso e implacable, que llevamos dentro y no es posible engañar".
ERdelV= Gracias Marien, por tu tiempo y tus palabras. Un abrazo cordial y de largo alcance desde Miami.
TA= Gracias a ti, Ernesto, a quien suelo llamar mi Poeta Amigo, por el honor que me haces al entrevistarme. Una vez más presento mis congratulaciones por tu entrega desinteresada a los valores culturales y empeño en la divulgación de la poesía y literatura de habla hispana. Desde Lisboa, un saludo cordial y un abrazo con el acostumbrado afecto.